Nosso senso de justiça é imperfeito. Temos a tendência de canonizar ou demonizar os que morrem. Mandela morreu ontem e já está praticamente canonizado. É inegável que sua vida foi uma inspiração. Um homem que passa 27 anos preso e depois é eleito presidente de seu país merece nosso respeito. Sua luta contra o preconceito e o racismo também são dignos de nossos maiores elogios. Porém, é preciso ponderarmos que ele não foi santo.
Como marido, foi um fracasso e foi muito leniente com defeitos de seus amigos e aliados como Robert Mugabe (presidente do Zimbábue), Muamar Kadafi (ex-ditador da Líbia) e Fidel Castro. Outro ponto que me chamou a atenção desde a primeira vez que assisti o filme mais popular sobre sua vida (Invictus - 2009) foi a confiança de Mandela no poema de William Ernest Henley, que deu nome ao filme citado. Veja a letra:
Do avesso desta noite que me encobre,
Preta como a cova, do começo ao fim,
Eu agradeço a quaisquer deuses que existam,
Pela minha alma inconquistável.
Na garra cruel desta circunstância,
Não estremeci, nem gritei em voz alta.
Sob a pancada do acaso,
Minha cabeça está ensanguentada, mas não curvada.
Além deste lugar de ira e lágrimas
Avulta apenas o horror das sombras.
E apesar da ameaça dos anos,
Encontra-me, e me encontrará destemido.
Não importa quão estreito o portal,
Quão carregada de punições a lista,
Sou o mestre do meu destino:
Sou o capitão da minha alma.
Sendo Mandela metodista, naturalmente esperava-se que ele se agarrasse em poemas bíblicos naqueles que foram os piores anos de sua vida. Porém, como já dissemos, ninguém é perfeito. Não devemos demonizar o Madiba, tão pouco canonizá-lo... Perfeito, só nosso Redentor Jesus Cristo. Este sim sofreu tudo o que não merecia, orou por seus algozes e libertou injustos como nós. Que Seu nome seja louvado para sempre!